quinta-feira, 21 de agosto de 2008


" Lisboa é o fim da linha. Lisboa é a cidade para onde confluem caminhos de ferro, estradas decanas, contentores. Chega-se às estações terminal, aos últimos metros de redes de milhares de quilómetros de aço quente e pesado, instalado duramente no chão, percorre-se toda uma arqueologia industrial em ruínas, decadente, sinal dos tempos passados em que o terminal fervilhava, e onde agora só descansam azulejos frios, funcionários de outra era, relíquias humanas e matérias obsoletas. Lisboa é a impessoalidade agora, a tecnocracia do betão modernista das avenidas do Estado Novo alia-se à alienação popular, mescla uma anti-patine de calcário decadente, desoladora...acende-se o cigarro com total indiferença, está calor mesmo que não esteja. Apanhamos o eléctrico aquecido pelo sol, o sol é da cor da translucida cerveja que se bebe no degradé melancólico da metrópole esquecida e letargica. Lisboa é o terminal. Lembram-se do "Degredo do Sul" ? "

Vou para o norte amanhã, para o granito, e para as serras em fogo. Boas férias aos outros.

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