terça-feira, 24 de novembro de 2009

Porque não...

Contemplando a pouca ética que ainda compunha o seu ser disforme, o Sujeito explora a sua própria sexualidade, numa desesperada tentativa de alcançar o prazer súbdito que lhe foge, não pelo ardor carnal mas pelo outro, um que não pode tocar, que lhe foge.

Tudo à sua volta perde o tom, o sabor amargo da tonalidade cinzenta, outrora colorida, cresce-lhe na boca, traças de olhos grandes saem-lhe da boca, levando o pouco de ser que lhe restava, transportando esse pedaço de esterco inútil para uma qualquer vala comum, abandonada.

Batem à porta, raspam a porta, rezam a porta, beliscam a porta, a porta é uma entidade. Cresce-lhe o sexo. Continuam a pedir por ele, a porta não se cala, chama, chama. Num canto inferiorizado o Sujeito pede por decência, pede que liguem a luz, que o deixem ver-se ao espelho uma última vez. Um qualquer ser grotesco que se lhe apresente do outro lado tanto faz. Ele quer sentir, não...ver que ainda lá está, que a carne efémera e podre ainda se mantém, que o Ser do Sujeito não se perde nos pedaços de vidro espalhados no quarto. Uma arma...uma arma.

Deixem a porta em paz! Grita o Sujeito!

Não quer saber o que jaz para além dela, se o seu sonho já morreu, a realidade permanece, não a perderá por restos de esterco fantasioso. Deixem-lhe o sexo, ele que fique por aí.

Pega na arma! Calem a porta! Acabem! Só me vejo, não gosto do reflexo, é demasiado real, e para além disso...

terça-feira, 14 de abril de 2009

(Re)Aparecimento

Depois de uma crise existencial de dimensões nunca vistas estar a começar a ver situações de acalmia e melhoria crescente gostaria de partilhar um texto escrito no auge do meu desespero.

Dei de caras com ele ainda há uns dias e acho que descreve bastante bem os conceitos de insegurança e fragilidade humanas.

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Emaranhados

Ao silêncio existencial enganador vão se juntando ruídos inaudíveis, a sua presença é puramente intuitiva, mas no entanto indelével. Acumulam-se me no corpo tentando toldar a minha existência e emancipação. A sua presença desconfortável é um segredo do qual nem eu tenho certeza, a sua forma é também uma incógnita. Suspeito que se reúnem regularmente e que não são muito afectos à pessoa que sou; imagino-os na minha escuridão cerebral a congeminar estratagemas sombrios de volta de uma luz doente e amarela. Às vezes vejo os seus sorrisos sádicos nas minhas dificuldades e inseguranças.
Estes pequenos seres preocupam-se com coisas como o estilhaçar da esperança, o engano e a confusão. Riem-se dos meus esforços, medos e ambições, riem-se do quão indefeso sou. Posso jurar que os oiço, a esses fantasmas inaudíveis, prontos sempre a mais um dia calcorrear os meus sentidos sabotando aqui e raspando acolá. Mais do que os danos que causam, é a incerteza da presença da sua arte ou mesmo deles que me confunde e, então, isso é para eles a subtileza última. O digladiar da minha mente excita-os num frenesim psicadélico, é sinal de que as suas artimanhas me estão a ocupar e a cansar. Eles sabem: a forma como não existindo existem fazendo danos que existem mas não existem ou talvez existam mete-me medo, e eu não o suporto. Perceberam? Eu também não.
Acima de tudo tenho medo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

E tudo volta ao mesmo

A controvérsia gerada pelas palavras colocadas absurdamente em segmentos de linhas de quadrados registados por uns computadores que se fixam na característica essencial do pluralismo dos herbívoros que se tomam por seres humanos que se fixam no solo com uma raíz alimentada por abelhas no momento em que se empurram mutuamente para clarificar o seu espaço para com o outro ser de disforme músculo e osso de socialismo utópico de um algures frigorífico cheio de carne por fazer da estrada das avestruzes que saltam de helicóptero em helicóptero para terem a certeza que a sua legitimidade democrática é suficiente para reinarem na sua monarquia de pastéis de nata usados para a produção em massa de bebés e de fraldas usadas em homens adultos que tencionam procurar o que lhes dizem para procurar simplesmente porque a controvérsia gerada pelas palavras colocadas absurdamente em segmentos de linhas de quadrados registados por uns computadores que se fixam na característica essencial do pluralismo dos herbívors que se tomam por seres humanos que se fixam no solo com uma raíz alimentada por abelhas no momento em que se empurram mutuamente para clarificar o seu espaço para com o outro ser de disforme músculo e osso de socialismo utópico de um algures frigorífico cheio de carne por fazer da estrada das avestruzes que saltam de helicóptero em helicóptero para terem a certeza que a sua legitimidade democrática é suficiente para reinarem na sua monarquia de pastéis de nata usados para a produção em massa de bebés e de fraldas usadas em homens adultos que tencionam procurar o que lhes dizem para procurar simplesmente porque a....

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Conversa casual

Vou andando tranquilamente pela rua, o tempo está cinzento, mas não me importa porque tenho um objectivo. Devo seguir a rua até ao seu fim e depois virar à esquerda. A senhora simpática na tenda disse-me também que depois devo apanhar o elevador para o 5ºE, não esquecendo de dar gorjeta ao porteiro que é um pouco susceptível. Por fim devo entrar na sala do senhor de óculos, pois ele vai me indicar para onde devo seguir.
Segundo me dizem devo seguir para onde irão falar comigo e apontar-me uns quantos caminhos no mapa, ilustrados cada um com a sua cor. Verde, amarelo, azul e até laranja segundo me consta. Nesse momento e só nesse momento é que devo escolher o caminho que quero, mas nessa altura dizem-me que é um caminho perigoso e que se seguir o outro acolá terei a oportunidade de andar numa bonita estrada, com um bonito descapotável, ao mesmo tempo que um notário segue-me no banco de trás. Regista tudo o que penso.

Olho para ele, mantém-se quase imóvel, de chapéu preto, olhos vazios e uma face rígida. Veste um fato preto e uma camisa branca. O mais comum possível. Neste momento aproximo-me da curva indicada a laranja no mapa, segundo me avisaram devo tomar aquele caminho para um futuro risonho e segundo os padrões da vivência em sociedade.
Em vez disso decido virar para o outro lado, o notário abre ligeiramente os olhos e solta um sorriso... pois a estrada continua direita e confortável, o descapotável continua com bastante combústivel e o notário parece estar a lidar com esta minha decisão como se ela fosse habitual. E aí percebo. Era exactamente esta a sua ideia desde o início. De facto estes dois caminhos apenas existem porque querem que exista. Existe quem vá imediatamente pelo caminho laranja e quem tente mudar, mas de facto não consegue mudar, pois essa escolha já foi feita por nós antes. Eu devia desistir agora, mas ainda não é altura para isso. É muito cedo. Não posso desistir agora só porque o raio do notário sorri e o carro anda bem. Por isso saio da estrada e sigo pelo campo e por cima das pedras, o notário pára de rir e começa a escrever mais depressa.

Começo a soltar gargalhadas, a emoção não me deixa parar, começo a acelarar e a aumentar a velocidade, o conta kms já quase não tem por onde ir, o notário escreve, escreve, escreve, muda de página, escreve, escreve, escreve, muda de página e continua assim à mesma velocidade a que eu ando, as árvores passam apenas a manchas verdes e a minha adrenalina não pára de crescer, consigo sentir o sol a sair das nuvens e a bater na minha cara... e o notário não tem sequer tempo para o sentir, que idiota. Não páro de rir na cara dele e sinto-me invencível, convencido e seguro. Até fechar os olhos.

Senhor - Onde pensa que vai?
Eu -Como assim? Quem é você?
Senhor -Onde pensa que vai?
Eu - A lugar nenhum senhor. Apenas vou...
Senhor - A onde?
Eu - Mas... a lugar nenhum senhor.
Senhor -Lugar nenhum? Isso não é nenhum lugar que conheça ou que conste nos mapas. Fale correctamente.
Eu -Mas eu estou a falar correctamente. Você é que não me percebe... onde está o notário?
Senhor -Deveria estar aqui?
Eu -Sim, devia. Ou não...sinceramente não sei.
Senhor - Sim ou não? Não está a fazer muito sentido pois não? Porque quer falar com o notário?
Eu -Eu não quero falar com ele...
Senhor -Mas então porque o procura? É por isso que está de viagem?
Eu -Não o procuro... estou de viagem...porque tenho que ir ao encontro de alguém.
Senhor -Quem?
Eu -Alguém que não é o senhor!
Senhor -Mas só eu é que existo. Que caminho segue você? Porque não virou na curva laranja? Ou na outra ao lado?
Eu -Deveria? Eu virei. Eu acho que virei. Mas estava cá o notário, ele registou tudo ele pode provar que eu virei! Procure-o!
Senhor -Mas se você virou numa dessas curvas não deveria estar aqui pois não? Você sabia que matou uma pessoa?

Eu -Eu? Eu nunca faria tal coisa. Apenas conduzia.
Senhor - Mas matou uma pessoa. Ela está bem morta. A família está devastada.
Eu - Pode ao menos dizer-me como é que a matei? E quem?
Senhor - Nessa ordem? Matou ao vir por aqui. Era um sujeito neutro. Pobre família.
Eu - Matei ao vir por aqui? Mas isso não faz sentido...como é que se mata só por...
Senhor - Caro senhor, a razão porque encaminhamos as pessoas para um certo caminho não é isenta de sentido. É necessário sabermos para que caminho todos os carros seguem, pois precisamos de saber para onde as estradas vão certo? E existe um certo equilíbrio entre todos os que andam nessa estrada. Todos estão a 10 metros do carro à sua frente e do carro atrás de si. isso serve para que não se afectem mutuamente. Todos têm o seu espaço, o espaço calculado por nós. O espaço necessário para continuarem a sua viagem.
Eu - Continuo sem perceber...como é que matei alguém?
Senhor - Veja se perceba então... você saiu do caminho, para algures correcto? Deixando assim um espaço de 20 metros entre o carro atrás de si e o que se encontrava à sua frente. O carro que estava atrás de si tentou equilibrar esse espaço, mas não sabia o que fazer com tanto espaço, começou a acelarar e a travar aleatoriamente, os carros atrás desse começaram a imitá-lo e o sentido de espaço para as suas manobras tornou-se frenético e irrequieto. Subitamente, todos os carros que se encontravam atrás de si confundiram-se e começaram a agir de uma forma violenta uns com os outros, desejando o espaço dos outros. Portanto, o que aconteceu é que um deles foi de encontro a outro que por sua vez se despistou. Embatendo contra uma árvore. O condutor morreu.

Eu - Então eu matei?
Senhor - Então, por mais que você percebesse, até certo ponto, o que estava a fazer, aqueles que iam atrás de si não estavam preparados para a sua mudança brusca. Você danificou todo o sentido e tivemos sorte em só ter ocorrido uma morte.
Eu - Mas isso não faz sentido.
Senhor - Acredite... faz todo o sentido.
Eu -E como vai a estrada agora?
Senhor - Já a equilibrámos, agora o espaço é de 11 metros entre os carros.
Eu - Por mim?
Senhor - Não pense demasiado nisso.
Eu -No que deverei pensar então? Você diz-me que mudei algo.
Senhor - Digo-lhe que matou uma pessoa. Compensa?
Eu - Como posso saber... qual é o valor de uma pessoa?
Senhor - Depende...
Eu - Como depende? Uma pessoa é uma pessoa.
Senhor - Para alguns... tenho que ir andando. Perceba uma coisa, você matou uma pessoa porque decidiu ir contra algo que foi programado por pessoas superiores a si. Não tente perceber o sistema pois o sistem já o percebe a si. E é somente este tipo de relação que deve existir. Podes voltar para a estrada ou podes ficar no nada, que é para onde ias.
Eu -O que há no nada?
Senhor - A ausência de tudo. É perigoso. Nada está planeado. Nada está controlado. É um pandemónio.
Eu - É uma folha branca. Eu vou para lá.
Senhor - Decerto. Tente não pôr a sua estrada muito perto da nossa. Mas também não muito longe, senão teremos problemas. Espero que perceba.
Eu -Porque não...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Leiam isto, porque eu escrevi e se não for lido perde o seu propósito de Vida!

Sentado algures numa esplanada começo a pensar...e penso, não sei bem no que penso, na maior parte do tempo estou a pensar que estou a pensar e de que em 1001 maneiras isso parece estiloso, quem sabe no que penso? Uma nova teoria fantástica, uma crítica entusiasta, ou se calhar pondero no raio da torneira que deixei aberta em casa.

E se alguém estiver a ler isso vai pensar, " ah porra, um texto pseudo-intelectual que reflecte no estado das coisas através de um ar bue introspectivo"! Não te preocupes rapaz, ou rapariga, aquele início foi para te assustar. Porque, não me interessa minimamente duas coisas, sendo a primeira :Tou-me barimbando para o que tás a pensar, se não queres ler o texto porque abriste este blog?? Porque continuas a ler esta cena em negrito?? Só porque está em negrito e pensas que esta parte é mais interessante? Segundo: Dói-me demasiado o dedo mindinho da mão esquerda para me armar em pseudo-intelectual, se bem que sou bom nisso e tenho uma vasta lista de pessoal inserido nesse clube, já abriu o grupo no hi5, go check it out!

E agora que não vou escrever em negrito, escrevo em ITÁLICO! Agora parece que vou escrever algo mais lírico e até podia... a verdade é que não tenho realmente nada de interessante a dizer...hmm... hoje disse olá a umas quantas pessoas, dado que 60% dela aborrecem-me. Ah já me esquecia!!! Coçei as costas.... e até me soube bem.

E agora, escrevendo em vermelho ( assim como quem vos manda à merda), vou dizer realmente algo de interessante e a razão porque vim escrever um post neste blog, coisa que, infelizmente, não fazia há muito. Vou dizer essa coisa interessante em tom de história, e começa assim:


"Não é que eu olhei para a esquerda e vi algo de degradante e estimulante ao mesmo tempo? Não é que eu olhei para aquilo e quando vi todos a pegarem nesse gelado quis experimentar o dito cujo? Não é que andei durante semanas com esse gelado na mão, sorrindo para todos os consumidores de gelados ( oh nem sabem, tem tantos sabores, agridoce, azedo, fora-de-prazo) e a querer frequentar todos os fóruns e spots dos consumidores de gelados. De seguida pensei: " Tenho o gelado na minha mão há muito tempo, já todos o lamberam uma vez, porque é que ainda não o lambi?". E foi isso que fiz, lambi o gelado...não gostei....voltei a lamber...ficou pior! Acabei por comer o gelado todo e deram-me outro, à borla!
Olhei para todos os consumidores de gelados à minha volta a devorarem mecanicamente os seus gelados, já nem lhe sentiam o sabor, acenavam-me e mandavam-me sms para me juntar a eles com este outro gelado. Eu fui! Comi outro gelado.

Era-me necessário comer gelados para me manter numa certa esfera. Uma esfera que nunca me pertenceu e a esfera que me pertence não coexiste com os gelados, é uma esfera oca de sentido neste spot. E o pior é que tive que ouvir várias conversas relacionadas com gelados... e eu não tenho o mínimo interesse nisso, nem da forma como tratam o gelado.. acho estúpida.
E depois pensei que, de facto, eu não gosto deste gelado...eu não sou consumidor de gelados, eu nunca comi gelados porque raio como agora? Porque estou no grupo dos que comem gelados? Porque vim para esta rua? Atiro o gelado que tinha na mão para o chão e logo nesse momento os outros consumidores de gelados apanham-no e dividem-no equitivamente. "

Vou voltar aos chocolates.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Judas Iscariot - The Cold Earth Slept Below...

Judas Iscariot - The Cold Earth Slept Below...

Introdução
Em 1995, a sigla USBM, a ser utilizada, seria uma vazia agregação alfabética sem qualquer consubstanciação musical. Não apenas enquanto ideia colectiva de hipotético movimento musical, mas também porque encontrar, no início dos anos 90, bandas norte-americanas a praticar Black Metal (sem influências exógenas demasiado evidentes, nomeadamente de Thrash e Death Metal) era uma tarefa exequível - desde os anos 80 existiam bandas pequenas com um som ainda mais sujo que Venom como N.M.E., por exemplo - mas extremamente complicada.

Há a famosa imagem de Varg Vikernes a usar uma t-shirt de Von no julgamento do homicídio de Euronymous e de facto esta era uma das poucas bandas a praticar este estilo, cujo contexto e origem, é demarcadamente europeu. No entanto, mesmo Von tinha um som ligeiramente diferente, muito mais ligado ligado à brutalidade e velocidade e menos à atmosfera (principal característica distintiva do Black Metal que se fazia na Europa).
Só mais tarde é que surgem bandas como Krieg (mais tarde e não surpreendentemente membros desta banda haveriam de tocar como músicos convidados em JI) e Black Funeral a praticarem um estilo próximo do ia sendo feito na Noruega. No entanto, tanto Krieg como Black Funeral só surgem em 1995 e 1993, respectivamente, isto é, um pouco mais tarde que JI que inicia as suas actividades em 1992.

Assim sendo, The Cold Earth Slept Below... surge como uma das primeiras demonstrações de (puro) BM norte-americano a ter alguma relevância na cena mundial. Fruto da insistência do fundador e único membro fixo da banda Andrew Jay Harris, mais conhecido pelo seu pseudónimo Akhenaten. À semelhança de grandes nomes do estilo, Judas Iscariot foi predominantemente uma "one-man band". O uso do pretérito deve-se ao facto de JI ter cessado as suas actividades em 2002... mais concretamente a 25 de Agosto desse mesmo ano. Neste caso o dia e mês são bastante importantes para perceber a ideologia por detrás do projecto: Judas Iscariot acabou 102 anos depois da morte do filósofo que mais influenciou o seu mentor, ou seja, Friedrich Nietzsche.

Indivíduo com formação académica na área da Sociologia, Harris sempre se pautou pela integridade que incutida ao projecto, quer a nível ideológico (com persistentes ataques niilistas às religiões organizadas sendo o Cristianismo o foco particular), quer a nível artístico. Exemplo disso é a declaração que explica o fim da banda após 10 anos em actividade.
The Cold Earth Slept Below... mostra o lado mais primitivo e frio da perseverante luta de Akhenaten contra a moral cristã através da sistemática desconstrução niilista aqui traduzida em ódio sonoro.



Alinhamento
01 - Damned Below Judas
02 - Wrath
03 - Babylon
04 - The Cold Earth Slept Below
05 - Midnight Frost
06 - Ye Blessed Creatures
07 - Reign
08 - Fidelity
09 - Nietzsche

Ano 1996

Editora Moribund Records

Faixa Favorita 04 - The Cold Earth Slept Below

Género Black Metal

País EUA

Banda
Akhenaten (Andrew Jay Harris) - Todos os Instrumentos e Voz


Review
Por motivos de honestidade analítica há que dizer logo no início e muito claramente que o Black Metal de Judas Iscariot não é exactamente o que poderíamos chamar de singular. Mesmo atendendo ao ano em que foi lançado, The Cold Earth Slept Below... já denota muitas influências do que outros nomes tinham feito antes.
Neste aspecto surge, de forma algo natural, a referência a Darkthrone. Em 1996 já tinham sido lançados trabalhos como o A Blaze In The Northern Sky e Transilvanian Hunger, e este trabalho de JI vai buscar vários elementos a esses dois marcos do Black Metal moderno.

Não obstante o primeiro álbum de estúdio de Judas Iscariot caminhar em terreno já conhecido, Akhenaten consegue fazer uma interpretação bastante interessante do que havia sido desbravado até então. Não havendo propriamente inovação a nível musical (nem é esse o objectivo de Harris), a unicidade de TCESB advém da atmosfera transmitida. O sentimento niilista é muito forte, não só devido ao conteúdo lírico ou à abordagem vocal, mas porque toda a obscuridade do álbum remete para uma ideia de profundo anti-conformismo para com o mundo envolvente. Se existem semelhanças musicais mais ou menos evidentes com nomes predecessores a JI (Darkthrone, por exemplo), a atmosfera criada é bastante única, quer pelo extremismo da mesma, quer pela forma como as variações (não sendo exactamente original, é um trabalho que varia bastante embora sempre dentro do espectro do Black Metal) vão mantendo sempre o mesmo nível de intensidade.

A música de Judas Iscariot (não somente neste álbum) reveste-se de uma complexidade conceptual que contrasta com a abordagem puramente musical que pode ser ouvida em The Cold Earth Slept Below que é substancialmente mais simples. Está claro de ver que a intenção de Akhenaten não era fazer um álbum tecnicamente complexo, pelo que a questão não se põe em termos de capacidade, mas é interessante olhá-la numa perspectiva contrastante que maximiza o efeito pretendido.
Abordando a produção do álbum é possível vislumbrar esta simbiose: o conteúdo filosófico inerente é na sua génese extremo, quer em complexidade quer em valores (ou se se preferir, na falta dos mesmos...) e a produção bastante minimalista e crua acentua esta mesma atmosfera, fazendo com que o trabalho seja fiel retratador a escrita aforística e poderosa de Nietzsche, a grande inspiração ideológica do projecto. O mundo das ideias (complexo) e o mundo musical (simples) unem-se sob o signo do extremismo da mensagem: a comunicação é cruamente poderosa mas a mensagem assume-se como ambiciosamente complexa.

A produção rude e (propositadamente) pouco "trabalhada" (ou trabalhada exactamente para parecer pouco cuidada...) não mascara algumas passagens mais turbulentas no que diz respeito a um elemento do álbum: a bateria. Se na maioria das vezes a repetição ajuda apenas a manter a atmosfera do álbum, quando se dão algumas passagens mais velozes ou há uma tentativa de imprimir outras dinâmicas, nota-se alguma falta de experiência e habilidade. Não sendo expectável (ou mesmo recomendável) um trabalho de grande perfeccionismo, algumas falhas notam-se um pouco mais do que o devido. Até neste caso (que não é positivo, diga-se claramente) a integridade musical de Harris é denotada, sendo que seria porventura mais "fácil" substituir a bateria real por uma qualquer caixa de ritmos.
No entanto, as pequenas (mas evidentes) falhas na bateria não afectam todo o sentimento geral que o álbum emana pelo que não deve ser visto como algo castrador da fluidez do trabalho. Até porque a bateria surge apenas, como já tinha referido, para dar relevo à atmosfera violenta e odioso de The Cold Earth Slept Below e nesse campo não se podem apontar quaisquer lacunas.

Num plano de bastante maior destaque que a bateria (e que o baixo que é inaudível) encontram-se as estridentes e cortantes guitarras que atravessam todo o álbum. O trabalho é maioritariamente assente em riffs gélidos repetidos várias vezes durante as musicas. O trabalho é simples, mas é possível escutar uma grande variedade no mesmo: existem momentos de Black Metal mais furioso (remanescente do trabalho de Darkthrone em Transilvanian Hunger) como é o caso de Damned Below Judas; passagens mais lentas e com riffs épicos, algo que pode ser encontrado na faixa-título; melodias atmosféricas com um efeito altamente hipnotizante que pode ser ouvidas, por exemplo em Babylon.
O interessante neste aspecto é o facto de quase todas as músicas apresentarem esta diversidade. Não pela mesma ordem nem seguindo sempre o mesmo padrão, o que tornaria a escuta monótona rapidamente, mas várias faixas têm as variações descritas e apesar de pintarem uma paisagem bastante monocromática, fazem-no de uma maneira bastante interessante. Fidelity - uma das melhores faixas do álbum, diga-se - é um dos bons exemplos deste aspecto que The Cold Earth Slept Below apresenta, indo dos caóticos às melodias soturnas e mais lentas.

Com as guitarras a conduzir, o álbum vai-se movimentando em diversos campos dentro do Black Metal com o objectivo de criar uma atmosfera desoladora e vazia em consonância com a filosofia niilista seguida por Akhenaten, onde se constata a falta de valor ou propósito da existência (humana). De facto, esse é o sentimento que enche e percorre o álbum. Mesmo não sendo possível o acesso às letras (tudo o que se pode perceber é através de audição directa), o sentimento de invasão por parte de um enorme vácuo é a mais perceptível característica dos quase quarenta e quatro minutos que compõe o álbum.
Contudo, não se pense que este efeito é atingido calmamente. Como mencionado, existem momentos mais lentos e arrastados, mas a incursão pelo lado mais rápido e agressivo do Black Metal está bem presente e o ódio surge como transporte precisamente para a desolação. Atente-se logo ao início do trabalho com Damned Below Judas onde a primeira palavra vociferada é precisamente: Hatred. Uma declaração de intenções bem directa logo nos primeiros segundos do álbum.

Para completar o ambiente geral do álbum, temos a voz de Harris. As vocalizações são bastante típicas do género (arriscaria até dizer que este é o padrão de voz para o Black Metal moderno): guturais poderosos que, por se encontrarem um pouco enterrados na produção, têm um som abafado e distante, o que enfatiza a atmosfera odiosa e cinzenta do álbum. Não sendo exactamente originais (são bastante na linha do que Nocturno Culto já fazia em 1996), as vocalizações neste primeiro álbum de Judas Iscariot ganham dimensão e destaque muito maior devido à sinceridade por emanada por Akhenaten e pela forma como se encaixam nos riffs arrastados (os vocais resultam melhor nas partes menos rápidas das músicas), criando uma ideia de narração filosófica. A última faixa do álbum, que tem o sugestivo nome de Nietzche, é o melhor exemplo do que acabo de referir, nomeadamente devido à entoação quase profética que os vocais assumem.

Todo o trabalho é bastante homogéneo no seu todo. As variações que referi surgem sobretudo dentro de cada faixa, mas a atmosfera de faixa para faixa é sensivelmente a mesma. Não se esperava outra coisa e é precisamente este envolvimento que o trabalho tem que o torna interessante.
Como já foi amplamente exposto, não se trata de um trabalho original em termos estritamente musicais (embora hoje possa soar ainda menos uma vez que muitas bandas trilharam o mesmo caminho que os antecessores de JI ou do próprio projecto norte-americano) pelo que vale fundamentalmente pela qualidade imprimida ao álbum.
Neste caso em concreto, a mais valia do álbum é conseguir manter a qualidade e interesse por dois motivos: por um lado, há uma envolvência geral muito bem conseguida e que consegue transmitir na perfeição o sentimento niilista que Harris pretende; por outro lado, existem vários momentos (sejam riffs arrepiantes, passagens melódicas de cortar a respiração ou simplesmente instantes de Black Metal executado com o sentimento certo) que por si só se tornam verdadeiros hinos e o melhor é que há muitas alturas em que isso acontece.
Os momentos arrastados e tenebrosos de Damned Below Judas ou Fidelity, os riffs bastante inspirados em Babylon ou no riff principal de The Cold Earth Slept Below e ainda a hipnótica e longa viagem de Nietzsche (tema que de alguma forma se torna no paradigma máximo do trabalho e porventura do próprio projecto), são (por si só) tudo fantásticas demonstrações de como deve ser feito BM, mas quando integrados num álbum com a capacidade de proporcionar um efeito de abstracção exterior para uma maior exploração individualista, tornam-se ainda melhores e transcendem a qualidade intrínseca que cada uma dessas demonstrações teria já por si só.

Conclusão
The Cold Earth Slept Below não é um álbum fundador do género em que se insere, mas é sem dúvida único na sua abordagem temática ao género. Isto confere-lhe uma atmosfera e força únicas, que tornam o primeiro álbum de Judas Iscariot um importante contributo para cimentar o que o Black Metal tem de melhor.
Além disso, foi um começo estrondoso para um projecto que se tornaria numa instituição bastante respeitada no meio em que estava musicalmente inserida, ao longo dos anos em que se manteve activo.

Não é um trabalho de assimilação fácil. Não o pretende ser e isso também é um dos seus pontos positivos. É uma honesta transposição de ideais ditos extremos para música de índole semelhante. Uma recriação poderosa de ideais niilista consubstanciada em três quartos de hora de puro e negro Black Metal. O facto de querer ser "apenas" um trabalho honesto neste campo não o torna menos louvável e admirável, muito pelo contrário.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Corpus Christii - Tormented Belief

Corpus Christii - Tormented Belief

Introdução
Quando em 2007, Nocturnus Horrendus finalizou a trilogia "Tormented" fechou-se um ciclo que representa provavelmente a melhor sequência de álbuns dentro das criações feitas no Black Metal nacional.

Se quisermos olhar para a evolução temático-filosófica desta mesma trilogia, podemos conceber uma ascensão que começa na mais desesperada das agonias e vai de alguma forma caminhando em direcção à luz do conhecimento e da perfeição (a própria ideologia do mentor de Corpus Christii ajuda a entender a procura por este último aspecto).

O início desta "viagem" deu-se com o mais negro e doentio álbum da trilogia: Tormented Belief. Conforme é dito por Nocturnus Horrendus, o álbum surge na mais conturbada altura da vida do mentor de Corpus Christii e dado o cariz (muito) pessoal do projecto (especialmente nesta trilogia) é natural que todas as perturbações vividas nessa altura por NH sejam transpostas para o álbum... em forma de dolorosas e odiosas ondas sonoras.

Tormented Belief marca igualmente uma viragem no som de CC (que acompanha a própria mudança de conceitos abordados), tornando o som "melancolicamente" mais refinado (embora mantendo a agressão e brutalidade dos trabalhos anteriores), com especial atenção à composição dos temas de forma a conferir aos mesmos uma carga negativa e emocional maior, factor que enriquece (bastante) a atmosfera global do trabalho.



Alinhamento
1. Melancholy Beginning
2. Forgotten Dead Crow
3. My Blood In Your Hands
4. Arising From The Ashes
5. Devouring Your Essence
6. Being As One With Hatred
7. Me, The Hanged One
8. Constant Suffering

Ano 2003

Editora Nightmare Productions

Faixa Favorita 8. Constant Suffering

Género Black Metal

País Portugal

Banda
Nocturnus Horrendus - Baixo, Guitarras & Voz
Necromorbus - Bateria



Review
O cenário de mudança em Tormented Belief começa logo a ser desenhado na própria morfologia da banda no álbum. Pela primeira vez, Corpus Christii tem em estúdio um baterista real (substituindo a habitual drum machine que vinha sendo utilizada nos álbuns anteriores).
O baterista escolhido foi Necromorbus, prolífero músico da cena Black Metal europeia e de reconhecidos (trabalhou, entre outros, com Watain, In Aeternum e Funeral Mist).

Começando precisamente por este (primeiro) factor de mudança, Necromorbus faz um trabalho bastante competente a dar uma furiosa alma rítmica a todo o disco. Os ganhos são por demais evidentes, sobretudo porque a maior variedade do álbum face aos anteriores exige uma melhor articulação entre os momentos mais rápidos e as partes mais lentas, algo que Necromorbus faz com bastante eficácia (vejam-se, a título de exemplo, as mudanças de ritmo em Melancholy Beginning).
Além do mais, um trabalho com uma abordagem tão "humana" (do ponto de vista da exploração dos aspectos mais negativos da espécie, entenda-se), não se compadecia com a limitação maquinal de uma drum machine, pelo que, além de um factor de maior interesse, era algo absolutamente necessário para que a globalidade do álbum não sofresse um duro revés.

No entanto, apesar do bom desempenho de Necromorbus, a principal personalidade do álbum (em toda a plenitude da afirmação) é, naturalmente, Nocturnus Horrendus. É da mente de NH que o álbum toma forma, se concretiza e, claro, se torna verdadeiramente interessante.
Quer sejam os riffs melancólicos, os vocais tresloucados de sofrimento ou a conceptualização da dor em forma de música (as letras aqui desempenham um papel fundamental), a verdade é que Tormented Belief sai directamente do consciente de NH.

Não se trata de um expurgar de polémicas, mas de algo mais (ao contrário do que muitos dizem e disso fazem uma estúpida bandeira para criticar CC). Tormented Belief, pela mão de NH é um cruel exercício misantrópico, onde a criação artística é uma extensão do interior do compositor. Claro que isto acontece inúmeras vezes, em inúmeros álbuns, mas raros são as bandas que conseguem fazê-lo de forma interessante, sem entrar no campo da intransmissibilidade ou de cair nos clichés fáceis que são apanágio das tentativas frustradas do relato de algo tão pessoal.

É evidente que devido a ser um álbum tão particular, ninguém está em condições de compreender totalmente o que é que se pretende transmitir, mas é possível absorver a atmosfera melancólica, o ódio, a agonia e todo um turbilhão de emoções carregadas de negatividade. Nestes aspectos pode, de facto, haver uma identificação (ou dar-se o fenómeno contrário, obviamente) de quem ouve o álbum e surgir um interesse redobrado pelo trabalho. No meu caso, isto é um dos principais factores que me faz ouvir Tormented Belief bastantes vezes...

Claro que tudo isto seria completamente inútil se não fosse suportado musicalmente por um trabalho poderoso e esmagador, como nos é apresentado em Tormented Belief.
Neste campo, de destacar a produção, que não sendo cristalina, constrói um ambiente claustrofóbico e perfeito para o género em questão. Nota-se também aqui uma notória mudança em relação ao trabalho anterior da banda.

Instrumentalmente falando há um destaque natural para as guitarras e consequentemente para os riffs. O trabalho de guitarra do álbum acompanha - obviamente - todo o ambiente geral do álbum, pelo que se podem esperar riffs a transbordar de melancolia, raiva e ódio.
Não sendo um trabalho de guitarra complexo, do ponto de vista técnico (como Rising, por exemplo), a sobreposição de guitarras, a forma como tudo está colocado no sítio certo de forma a tornar a experiência auditiva (ainda) mais agonizante revelam uma das grandes virtudes deste álbum: as qualidades de composição que são por demais evidentes em Tormented Belief.
O clima de mudança (prefiro o termo "mudança" ao termo "evolução" em relação a CC devido ao carácter qualitativo que o segundo muitas vezes encerra) é também evidente, uma vez que o surgimento de várias "camadas" de riffs contrasta claramente com o trabalho mais directo dos álbuns anteriores.

No entanto, e apesar de tudo, há algo que se consegue sobrepor aos aspectos que positivamente destaquei anteriormente: a voz e a lírica de Nocturnus Horrendus.
Claro que a compreensão (ou talvez a assimilação individual que cada um faz) das emoções e dos estados de espírito que os temas (e o álbum em geral) transmitem passam muito pela leitura das letras que NH vai soltando odiosamente durante todo o disco.
Isto é algo que acontece em quase todos os álbuns, no entanto, neste caso (e pela própria produção do álbum que põe em destaque a voz) torna-se em algo único, porque não há um verdadeiro trabalho vocal da parte de Nocturnus... existe sim um soltar animalesco de momentos homicidas, misantrópicos, demoníacos (e provavelmente dos demónios pessoais do vocalista...): uma enorme dimensão de viscerais vocalizações que consubstanciam toda a negritude adjacente a Tormented Belief.

O trabalho vocal é perfeitamente complementado com uma lírica que lida com uma série de sentimentos de obscuros e perversos que vão desde assassínios, puro ódio e a abordagem da morte como a libertação única de todo o sofrimento.
Este último aspecto leva-nos a algo que todo o álbum transmite (não apenas as letras): o desesperante mergulhar na agonia e dor como única forma de existência. Não por um qualquer desejo de auto-flagelação mental, mas porque são estas as emoções que surgem como as mais verdadeiras.
Tal como tudo no álbum, as letras apresentam-se num plano bastante pessoal que apesar de poder ser, à partida, assimilado, torna a sua interpretação sempre muito relativa (ainda mais que o habitual na maioria dos álbuns).
Ainda para mais algumas letras são bastante alegóricas (sobretudo no que diz respeito à expurgação homicida perpetuada pelo "narrador" das letras) o que reforça ainda mais este aspecto.

Todo o álbum surge bastante homogéneo nos seus aspectos mais gerais, mas encerrando a cada tema algo de novo, o que ajuda a manter o interesse ao longo dos quase quarenta e cinco minutos de audição.
No caso de Melancholy Beginning temos bastantes variações de tempo, sejam as velocidades dilacerantes impostas pelas guitarras, ou os riffs mais lentos e melancólicos que suportam os arrepiantes (e singulares) guturais de NH.
Os temas seguintes seguem a mesma linha, embora contendo sempre riffs e variações que não são ouvidas em mais nenhum momento do álbum. Exemplo disto são os riffs inicias de Arising From The Ashes que são um dos destaques do álbum, ou os momentos que de alguma forma relembram Celestia (com as devidas diferenças, claro) em Devouring Your Essence e Being Us One With Hatred.

Há, apesar de tudo o que já foi dito, um momento marcante em Tormented Belief e que mesmo que todo o brilhantismo do trabalho não fosse uma realidade, já faria valer a pena, por si só, ouvir o álbum. Falo do meu tema preferido de Corpus Christii, Constant Suffering.
O tema é de alguma forma mais melódico e não apresenta (na maior parte do tempo) a velocidade que o resto do trabalho tem, mas devido à simbologia do mesmo no álbum, se compreende, aceita e depois de absorvido, se louva. É um tema carregado de emoção... não de um qualquer romantismo fácil, mas de sentimentos perturbados e cruelmente odiosos... um perfeito resumo do que Tormented Belief (e a própria banda nesta sua fase da carreira) representa... e na minha óptica o tema é paradigmático daquilo que o próprio Black Metal deve ser.

Conclusão
Tormented Belief apresenta-se como um disco único na cena portuguesa e sobretudo porque surgiu numa fase em que o Black Metal já não via algo tão refrescante há já algum tempo. Mesmo à esfera global, é uma abordagem original ao próprio género. Mas mais importante do que isso, é um grande álbum, uma prova inegável da qualidade que Corpus Christii atingiu, muito especialmente com fase iniciada neste mesmo trabalho.

Pessoalmente é o meu trabalho preferido de Corpus Christii. Porque é musicalmente um trabalho sublime, porque é um álbum perturbado e coberto de "texturas" que me dizem muito, mas acima de tudo porque a identificação que sinto com Tormented Belief é enorme (os motivos por detrás da mesma não os mencionarei) e por isso mesmo, faz com que seja um trabalho essencial para mim.
Mas mesmo para quem não sinta tal identificação é uma obra sublime de Black Metal.

PhiLiz