domingo, 5 de outubro de 2008

Mensagem ao Leitor





Como muitos de vocês saberão (e os outros passam a saber) vou concretizar o meu sonho de visitar o Japão. Dia 20 às 12.25 entrarei no avião que me levará até Frankfurt, e de lá finalmente para Tokyo. Fico extremamente feliz que os meus esforços para ser o seleccionado deste ano na iniciativa da embaixada tenham sido recompensados e espero poder corresponder às expectativas das pessoas que em mim depositaram esta oportunidade .

É certo que apesar de não negar o mérito que tive no processo, muitas pessoas ajudaram-me ao longo da extenuante estrada que culminou na minha selecção. Desde já deixo aqui o agradecimento a essas pessoas. Thierry, Professora Toda, Pedro, Ana, Tiago e perdoem-me se me estou a esquecer de alguém, muito obrigado. No momento em que pela primeira vez pisar solo japonês prometo que vos carregarei no coração.

Impossível para mim de descrever o quão importante será esta viagem para alguém que tem atravessado um momento extremamente sombrio, diria até obscuro. Com muito pesar digo que o meu estado de espírito e estado de saúde deixam um pouco a desejar. Por isso mesmo, a esperança que tudo isto faz nascer em mim não tem sequer classificação possível. É como que uma benção terrena no limiar da divinização.

No entanto, não posso deixar de frisar a angústia que sinto por não poder percepcionar tudo o que que me percorrerá no meu estado mais puro, ou seja no auge da minha capacidade intelectual. Sinto que perderei coisas que nunca recuperarei na vida, coisas que me estão a ser roubadas de forma injusta e tenebrosa. A primeira vez que consigo tocar o meu destino... tinha todo o direito que ela fosse o mais brilhante e inultrapassável que pudesse imaginar. Apesar de tudo vejo-me privado... Enfim, repito para mim que podem ser estes próximos quinze dias que marcarão a escalada da minha recuperação, talvez a vida me tenha guardado uma surpresa...

Convém dizer que o Japão transmite as suas próprias noções e vicissitudes por veículos estranhos aos usuais mecanismos que conhecemos. O suporte intelectual é ultrapassado muitas vezes pelo próprio beber da representação essencial pela alma. Essa vertente nada deste mundo a pode minimizar, ela vale por si própria e é assim que a abraçarei. Ou seja, a essência de tudo não a perderei... aconteça o que acontecer.

Bom, este post já se alonga mais do que quereria por isso agora vou directo ao assunto, o propósito último de toda esta conversa é referir que nos dez dias que permanecerei no país do sol nascente parilharei aquilo que viverei e sentirei com as palavras que escrever aqui. Ao longo de dez dias tentarei que essas mesmas palavras sejam mecanismos simbólicos fortes o suficiente para fazer tudo transbordar no estado mais puro possível. Espero que apreciem o que aqui relatar e sejam envolvidos o mais possível terrena e espiritualmente no meu testemunho.

Obrigado

Diogo Santos aka Kyon

PS:

Stop Go Tokyo

2 comentários:

Inês_rocks! disse...

Foi na Holanda que concretizei um dos meus sonhos, algo que não estava de todo à espera. Foi um bafejo da sorte, algo que pensava (e continuo a pensar) estar muito longe da minha pessoa. De certa forma, mostrou-me que era capaz de atingir os meus objectivos, mesmo que prossiga sozinha por esta estrada fora. Foi dos momentos,(senão o) mais importantes da minha vida.


Percebo a tua ansiedade, afinal vais estar confrontado com o teu grande sonho, tens medo de uma desilusão ou que tal não venha a responder às expectativas que criaste ao longo de todos estes anos.
Mas tal faz parte da vida, e como tal tens que te deixar ir e encontrares o que esta viagem tem para te oferecer. Seja bom ou mau, vai de certo ser um capítulo fundamental para o teu crescimento como ser humano.

Boa sorte,

Inês

Pedro Barros Ferreira disse...

Caro Diogo,
Do pouco tempo útil que temos privado, deu para perceber que esta ida ao Japão é - para ti - um sonho maior que a vida (isto é de um poeta que não me lembro agora do nome)e por isso esquece tudo e atira-te de cabeça. Há muitos anos (nem digo quantos que tenho vergonha) fui convidado para estagiar com a selecção de rugby inglesa de juvenis num colégio no norte de inglaterra, durante o mês de agosto. Quando lá cheguei - vindo do nosso verão - apanhei uma gripe de todo o tamanho e puseram-me num hospital. À noite na cama pensei : este é o meu sonho e estou aqui numa cama de hospital?! Peguei na trouxa e fugi do hospital. Se foi milagre ou não, não sei, mas 1 dia depois passou-me tudo e fiz um estágio fantástico que veio a mostrar-se importantíssimo na minha carreira como jogador e como homem.
Faz a trouxa e parte.
Boa viagem
Um Abraço,
Pedro Ferreira (o velho)