Andando ao longo da estrada vi muitas coisas, vi cores, vi sabores, até talvez ilusões… mas acima de tudo vi o meu futuro. Vi um mundo no qual me sentiria confortável e feliz. Então, naturalmente, persegui essa imagem persistentemente. Não interessava a sede nem a fome, não via nada mais a não ser o mecânico movimento dos meus passos. Um, dois, um, dois. Aquele sonho que procurava tocar ia se tornando mais sólido, os seus contornos iam-se especificando. Um sorriso foi então depositado nos meus lábios. Era isto mesmo, era aqui que queria chegar, era isto que seria o propósito da minha existência. A sua agora solidez reconfortou a minha alma (e pés cansados diga-se), levantei a cabeça.
Estava tudo ali, tudo ao meu alcance só tinha de fazer um último e derradeiro esforço.
Então tudo se tornou surreal, a minha cabeça começou-me a pesar, os braços e pernas não me obedeciam. A minha própria razão, baluarte da minha existência jazia em ruínas. As lágrimas que eu queria chorar com o corpo jazido na poeira não saiam. Até os meus sentimentos me roubavam, olhei desesperado em volta. Que iria eu fazer? Tão perto e tão longe? Arrastei-me então decadentemente milímetro a milímetro, mesmo sabendo que não chegaria ao meu destino. Tudo se estilhaçou, e eu deixei-me esvanecer no nada que sou… Consciente unicamente daquilo que não atingi.
Diogo Santos aka Kyon 17 de Outubro de 2008
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