domingo, 19 de outubro de 2008

Só acredito



A minha presença aqui tem se tornado ténue, ligeira como uma tímida brisa matinal. Dentro de mim pressinto o porquê. A razão pela qual é tudo tão difuso. As árvores e a própria terra dissolvem-se no meu olhar como que a fazerem-me sentir a realidade.

O facto é que ainda não acredito, é tudo tão distante, tão doce e gentil que não consigo evitar entregá-lo a alguma mitologia perdida com pouco interesse, não é sequer para mim. Eu ainda estou longe, ou penso que estou longe. Se calhar a única forma de me sentir confortável é pensar isso mesmo. A distância desresponsabiliza-me, afasta-me e protege-me de desaventuras desnecessárias. Assim posso continuar a falar alegramente das minhas metas e sonhos, o tanto que me falta mas o que estou disposto a dar e a render por eles. Entretanto pego numa chávena de chá verde, leio um outro livro de história ou filosófo sobre o Japão moderno. São essas pequenas coisas que me faziam sorrir para o futuro... "Quando ele chegar farei isto ou aquilo. Irei aqui ou acolá".

Não consigo evitar ver tudo assim até ao momento que entrar no avião, quiçá chegar a Tokyo. É algo que sempre fiz. O horizonte sempre esteve lá para me confortar. Quer nas alturas em que desesperava quer em outras nas quais sonhava mais longe. Agora a terra torna-se plana, o horizonte desvanece-se. Era isso que me queriam mostrar as tais arvores e o solo da minha Pátria.
Entro agora num novo caminho, com novos desafios, alegrias e tristezas e no entanto nunca esquecerei as pedras que calcorreei, o próprio cheiro da poeira já faz e sempre fará parte de mim.

Diogo Santos aka Kyon

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